Brasil está menos preparado para ter carros voadores hoje que em 2022, diz pesquisa

Brasil está menos preparado para ter carros voadores hoje que em 2022, diz pesquisa

Pesquisa mostra que Brasil regrediu o preparo para ter carros voadores

A popularização dos carros voadores trouxe grande expectativa para os eVTOLs, veículos de decolagem e pouso vertical que são menores que helicópteros, movidos a eletricidade e, em alguns casos, podem ser autônomos, oferecendo novas alternativas para a mobilidade urbana sustentável.

No Brasil, há projetos em andamento nesse contexto, destacando-se o “carro voador” desenvolvido pela EVE, subsidiária da Embraer, com a previsão de transportar passageiros a partir de 2026. No entanto, segundo o ranking da consultoria KPMG, o país encontra-se menos preparado para integrar essas inovações do que estava em 2022. Na terceira edição do ranking, o Brasil figura apenas na 11ª posição, tendo já ocupado o oitavo lugar em edições anteriores.

Situação do Brasil para receber os carros voadores

A primeira edição do ranking da consultoria ocorreu em 2021, quando o Brasil ocupou a 25ª posição entre 60 países, principalmente devido a problemas regulatórios. No ano seguinte, em 2022, o país apresentou uma ascensão notável, alcançando o 8º lugar.

Entretanto, em 2023, houve uma queda para o 11º lugar, sendo atribuída a questões relacionadas às “oportunidades de negócios”. Esse critério analisa a maturidade do mercado de táxi aéreo, tráfego de passageiros, acomodação e turismo. A infraestrutura brasileira ficou em 16º lugar, enquanto a categoria “política e legislação” ficou na 34ª posição.

Apesar desses desafios, o Brasil recebeu avaliações positivas em outros aspectos, como a aceitação do consumidor, tecnologia e inovação, alcançando a 5ª posição nessas categorias. O topo do ranking foi dominado pelos Estados Unidos, China e Reino Unido.

Desafios para os carros voadores no Brasil

Os carros voadores ainda são recentes, logo, o Brasil, assim como outros países, enfrentam outros desafios. O principal deles é relacionado à infraestrutura. Veja alguns pontos:

  • Os eVTOLs terão de enfrentar a superlotação do espaço aéreo em grandes cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
  • Segundo Márcio Peppe, sócio-líder de Aviação da KPMG no Brasil e piloto, ao Estadão, os modelos terão de circular por rotas e corredores específicos (que terão de ser criados) e, ainda assim, impactarão o tráfego aéreo.
  • Outro ponto é a infraestrutura de decolagem e pouso, de manutenção, armazenamento e recarga dos carros voadores. Além de segurança e poluição sonora.

Nesses quesitos, Peppe acredita que, como o orçamento público é limitado, uma opção seria deixar os investimentos nas “questões físicas” com o setor privado.

A startup brasileira Vertical Connect deve apresentar uma família de “carros voadores” (Imagem: Vertical Connect/Divulgação)

Quais as soluções?

Ao jornal, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão ligado à Força Aérea Brasileira, informou que planeja usar infraestrutura já existente para dar conta dos carros voadores, uma vez que o volume de operações é pequeno. Quando aumentar, novas estruturas devem surgir.

O Decea ainda comunicou que cada voo terá que ser analisado antes de ser autorizado (como acontece para as aeronaves). Futuramente, ferramentas de análise devem agilizar o processo.

Regulação

Outro desafio enfrentado, que já colocou o Brasil em posições anteriores no ranking, diz respeito à regulamentação do setor. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) está atualmente conduzindo uma consulta pública para estabelecer princípios e normas técnicas para os equipamentos.

Enquanto aguarda essa definição, a Anac está analisando individualmente os “carros voadores”, examinando as intenções dos desenvolvedores e estabelecendo os requisitos necessários.

A responsabilidade de decidir o modelo de operação, estrutura operacional e modo de controle da aeronave recai sobre a empresa. Com base nisso, determina-se o tipo de licença para autorizar o EVTol e os requisitos de treinamento para pilotos ou operadores.

Mesmo com a consulta em andamento, Roberto Honorato, superintendente de aeronavegabilidade da Anac, expressou o desejo de evitar uma regulamentação excessiva para não obstaculizar o desenvolvimento do setor.

Fonte: Olhar Digital